terça-feira, 8 de setembro de 2009

Brasileira arrasa Cabo Verde num Blog‏


Brasileira veio dar formação de culinária e arrasou Cabo Verde num Blog‏
(Obs: - o post terá sido, entretanto, retirado/eliminado do blog)

Katia Najara,
Arrogância e falta de classe!



Vejam o que a brasileira Katia Najara postou no Blog Rainhas do Lar (www.rainhasdolar.com). Ela esteve em Cabo Verde dando uma formação de culinária no Centro Cultural Brasil Cabo Verde. Será que precisamos de intercâmbio com pessoas que não respeitam a nossa maneira de ser, a nossa cultura? A frase abaixo é o fim da picada, um desprezo total para com os cabo-verdianos. Vindo de alguem que veio através do CCBCV que deve promover o intercâmbio cultural entre os nossos povos, isso torna-se mais grave.


O que para mim é descartado como lixo, é degustado com prazer pelos nativos, já acostumados à sua real


http://www.rainhasdolar.com/index.php?itemid=3674#nucleus_cf

Posted: 30 Aug 2009 10:51 AM PDT
Cabo Verde: a comida, a gente, a que vim...


(katxupa guisada, a minha típica preferida)

A comida

Come-se mal em Cabo Verde. Por conta da terra árida, de aspectos culturais, e por falta de criatividade também, esta última talvez em decorrência das primeiras. A base da alimentação caboverdiana está no arroz, no feijão, no milho e nos peixes. Não há maiores preocupações com o tempero, que nunca é refogado; não doura-se cebola e alho, eles são cozidos junto com todos os demais ingredientes do prato. Não há etapas, portanto, tudo é feito de uma só vez, e isto faz toda a diferença. O prato mais típico é a katxupa (uma espécie de feijoada com vários tipos de feijão, legumes e carnes brancas e vermelhas, que no dia seguinte vira essa versão guisada aí de cima), o xerém (uma espécie de cuzcuz desenformado), a massa (feita com milho e refogada com legumes e atum), um marisco alienígena chamado percebeus, a moréia (cobra d'água), o pincho (espetinhos de entrada), a linguiça de terra - feita por eles, o pastel de milho com recheio de peixe, e há também o bitoque e pregos, que não comi, mas soube que são pratos feitos com carne, sendo um deles o equivalente ao nosso bife. É que eu só quis saber de peixe, estes sim, motivo de muito orgulho do país. Nunca havia comido um atum que ao menos chegasse perto do que eles têm aqui. Sem falar no ponto de cocção do peixe e legumes, que é perfeito.

Suco aqui é "sumo", quase sempre industrializado, pela escassez de frutas e para evitar riscos de contaminação pela água. As poucas vezes em que tive acesso a suco de laranja integral, tinha gosto de laranja passada. É que elas são importadas e chegam congeladas, de modos que quando descongelam precisam ser consumidas imediatamente, mas como ainda vão para o mercado, sob sol escaldante, já viu, né? O que para mim é descartado como lixo, é degustado com prazer pelos nativos, já acostumados à sua real. Presunto aqui é "fiambre", geralmente muito bons; também há muito cogumelo, que aqui não se trata de gênero caro, ao contrário, o que tem de pizza meia-boca e sanduíche de cogumelo... e por falar em sanduíche, aqui se chama "sandes"; se na chapa, "tosta". O "grog" é o nome da excelente aguardente local, infinitamente mais forte que a nossa; e a cerveja local, a Strela, é bacaninha.





fotos 1 e 2: Bife de atum (excelente) com as infalíveis guarnições (arroz e batatas fritas), no Benfica de Cima | fotos 3 a 5: pincho de frango, com cebola e manga, filetes de serra (outro peixe muito gostoso e nobre) e pudim delicioso de queijo (mas com calda de limão passado), no Benfica Beira-Mar; | fotos 6 a 9: atum com molho de camarão, carneiro, guarnições e creme brulée com casquinha amarga pois queimadinha, do muito fofo restaurante português, Paparokas | fotos 10 a 12: entradinhas, meu pato laqueado no mel com risoto de açafrão (delicioso) e sobremesa de musses de chocolate, do Cimbrom, que eu elegi como melhor restaurante, onde também tomamos um vinho muito gostoso, o português Quinta dos Carvalhais (Dão) | foto 13: biscoito grego no café da manhã do Festarola, indicação feliz da Neda | foto 14: shawarma, sanduíche árabe enroladinho com carne grega e batata, do Cometas, melhor lanchonete da cidade, onde comi também uma deliciosa pizza de tomate com queijo apenas | foto 15: pastel de milho com recheio de atum (parece que não fui muito feliz na escolha do endereço) | foto 16: pizza MICO de cogumelos com massa de pão, da Ártica (mais uma vez errei de endereço, era na Cometas, a pizza)| foto 17: o marisco percebeus (que eu jamais teria comido se não me tivesse sido gentilmente oferecido por uma encantadora família), que é feio mas é bom | foto 18: a assustadora moréia, uma cobra-d'água, empanada e frita com muita pimenta e muuuuuuuito óleo, na Dona Julieta; apesar de ter gasto um pacote de guardanapos para absorver a gordura, esta foi a única causa do meu breve piriri.


O serviço é bastante distraído. Anotar pedido não existe, e os cardápios, apesar de existirem, só se você pedir. As guarnições são quase sempre arroz branco, batatas fritas e umas rodelinhas de tomate e pepino, não importanto o nível do restaurante. Rola uma pressão também: mal termina-se de comer a entrada, e o garçon já recolhe para trazer o prato quente, quando você ainda pretendia come-la. Parece que eles querem que você coma logo e dê o fora. Eu também senti isso em Lisboa. Os pratos são quase sempre muito brancos ou muito amarelos, sem contraste, e por isso, não muito convidativos. Ah! E a depender de onde se coma de dia, tem que ser com uma mão só, porque a outra é para afastar as moscas. Deve haver meia dúzia de bons restaurantes, mas todos tem muito o que evoluir ainda nos quesitos sabor, apresentação e serviço.

Thanks, Nécas (Manuel Paris)

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Mindelo, São Vicente, Cape Verde
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