terça-feira, 14 de abril de 2009

Os Preços dos combustíveis em Cabo Verde

ADECO

Associação para Defesa do Consumidor

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COMUNICADO DE IMPRENSA

(9 de Abril de 2009)

Os Preços dos combustíveis em Cabo Verde

Enquadramento

Desde o dia 24 de Março que vigora em Cabo Verde novos preços de gasolina e gasóleo. O facto de a ADECO não ter ainda pronunciado publicamente sobre a alteração dos preços podia ser entendida como estando totalmente de acordo com os novos preços. O facto é que a ADECO não foi contactada! Daí a razão desta conferência de imprensa.

Análise da situação actual

A recente redução dos preços da gasolina e do gasóleo são bem-vindos, mas não satisfazem. Há muito que se aguardava uma redução considerável dos preços da gasolina, do gasóleo e também do gás butano.

Principais razões dos preços elevados dos combustíveis em Cabo Verde

Importa lembrar aos consumidores e cidadãos cabo-verdianos que as duas principais razões porque paga um preço elevado pelos combustíveis são os impostos e direitos cobrados pelo Estado e a sobrecarga imposta pelas das petrolíferas. E só por último é que vem o preço internacional dos combustíveis.

Por exemplo, no caso da gasolina, o que o consumidor paga é quatro vezes superior ao que as petrolíferas terão pago por ela. Dos 96$70 que o consumidor paga por um litro de gasolina, o Estado recebe directamente 38$02, o que é o que é muito superior ao custo da aquisição da gasolina nos mercados internacionais. O IVA real que recai sobre a gasolina é de 45%. Situação muito similar se passa com os alegados custos de comercialização dentro do país.

No caso do gasóleo, o consumidor paga quase que o triplo do seu custo no mercado internacional. No gasóleo, o IVA real é de “apenas” 18%, e o seu custo elevado deve-se principalmente aos elevados custos alegados pelas petrolíferas, isto é decorre de um problema de “eficiência” na comercialização interna.

Recomendações:

Importa intervir a vários níveis, para que o consumidor Cabo-verdiano possa pagar um preço justo pelos combustíveis que consome, directa ou indirectamente. Mesmo que o consumidor final não utilize directamente gasóleo ou a gasolina, os custos desses produtos são transferidos para ele quando adquire outros bens e serviços.

  1. Intervenção a nível legislativo para reduzir os exagerados impostos sobre alguns combustíveis. Neste particular os cidadãos devem activamente influenciar os seus representantes no Parlamento.
  2. Promoção da concorrência real no sector de combustíveis através de várias medidas, inclusive algumas há muito tempo propostas pela ADECO:
    • Estímulo a outras empresas internacionais para se instalarem em Cabo Verde. O mercado de comunicação por telemóvel que detém um volume de negócios de longe inferior ao dos combustíveis, já permite ganhos consideráveis ao consumidor.
    • Alteração urgente do mecanismo de fixação de preços dos combustíveis, de forma a estimular alguma concorrência entre as petrolíferas e revendedores, impondo, entre outras medidas, o mecanismo do preço máximo, de forma a salvaguardar o consumidor de praticas de cartéis, e outras.
  3. Investigar e divulgar as práticas dos lobbies no sector dos combustíveis: consta que são forte, muito fortes!
  4. Reforçar a Regulação do sector de forma a melhorar a sua eficiência e eficácia.
  5. Dar maior transparência ao processo de regulação, económica e técnica do sector de combustíveis, envolvendo de facto os consumidores no processo. Atenta-se que tem havido denúncias sobre a qualidade de combustíveis comercializados em Cabo Verde e questionamentos sobre os requisitos burocráticos em termos de características técnicas na importação dos combustíveis.
  6. Exige-se maior coerência entre a teoria, o discurso e a prática na regulação do sector de combustíveis em Cabo Verde. Na teoria o consumidor ocupa a parte superior do triângulo que sintetiza o processo de regulação, com o regulador no centro do triângulo. Na base desse triângulo estão as empresas e o Estado. Mas a prática cabo-verdiana, o consumidor não é efectivamente parte do processo.

Mindelo, 09 de Abril de 2009

Presidente do Conselho da Direcção

/Antonio Pedro Silva/

OBS:- Embora não seja de se esperar, FAÇO VÓTOS no sentido da conferência ter ou vir a encontar o devido eco junto da televisivão cabo-verdiana, por forma a que um maior número de cidadãos possa ter acesso a informações importantes, que, certamente, controbuirão para a formação de uma opinião social mais qualificada.


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